quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ao Ig


Tão pequeno e macio, branco e preguiçoso, tão filhote ele chegou para nós numa caixa de papelão. Já era nosso. Ele sabia, talvez nós (eu tinha certeza!), só meu pai não queria aceitar o que foi docilmente, docemente levado a crer: ele era nosso. ‘Ig’, vai ser o nome dele. Tão filhote, ele nos batizou.

O Ig era tão cachorro que as vezes não dava vontade de sair de perto dele. Aquele bonito, aquele safado. Não há uma forma de explicar. Estar na rua e saber que ele estaria em casa era quase uma gratificação. Ele era um prêmio. Ele foi um prêmio. Ele é.

Aquela cara levada, aquele talento pra algazarra. Ele sabia que era irresistível. Vinha, todo bonito, todo faceiro, com aquele rabo festelento. Aqueles olhos... Aqueles olhos irresistíveis. Se achegava, deitava... aquela pancinha rosa peludinha virada pra cima. Meu cachorro agora é nuvem de algodão. Que saudade dele aqui.

Ig era o elo com o chão. É estranho dizer, como se fosse o elo com as coisas mais originais e básicas, mais pueris. O amor sem muros, a ternura macia e branda, quente, branca e rosada. Ig era isto: o sentar-se no chão de pijamas. Tão crianças, Ig e eu. Parece que faz tanto tempo.

Que saudade. Nada do que eu diga parece conseguir transcrever esses 13 anos com o Ig. Tão incrível, tão lindo, tão nosso. Que saudade.

Aquele bonito. Ig nos batizou.


14/6/2013