Por trás de quem somos, há os fantasmas que apontam
acusando-nos de não sermos outro. Por trás de nós, há o sibilo do inquiridor ressoando:
não é o suficiente, ele diz. Enquanto realizamos ou deixamos escapar, há próximo
o que nos cerca, vigia e condena - em silencio, na memória, ao longe e por
dentro. Um duplo sarcástico, profetizador de fracassos, impiedoso, quase
invejoso e um pouco ciumento. Que, oco, nos acusa de sermos pueris. Malicioso,
exige de nós excesso de pudor. E ainda que agrida, requer nossa docilidade.
Ele grita para que estejamos em silêncio e propõe diálogo, fechado em sua
retórica. Se agiganta, enegrecem-lhe os olhos e, então, dita, assertivo e teatral,
o grotesco.
Tu me alcanças, o que desejamos é a digestão do vil palavrório.
Giramos em torno de nós mesmos ao som de um sambinha melódico e calmo. Nesse ínterim,
o resto é o resto - e imerge.