Eu? Não guardo muito, quase nada ou nada. Mas tu, que
riqueza! Eu não, não sou tanto mais ou menos do que vês. Mas tu, ah, quanta
riqueza. Guardas um mundo inteiro no peito, e outro na alma. Tens olhos de
sereno e tufão. Quanto aos meus, ficam a espreitar-te, mansos, modestos,
embevecidos.
Ah, quanta riqueza, meu Deus. Gostas de flores e livros, bichos e
música, e tens um belo sorriso. Um riso dourado e cheio. Tu, quando sorris,
resplandeces. Meus olhos embevecidos saúdam-te a uma distância sôfrega, e
marejam a contragosto.
Mistura-te à noite, deixa que ela te envolva com sua
pele de fria luz, sente o arrepio: o nome disso é esperança e saudade, só agora
vim saber.