quinta-feira, 24 de maio de 2012

Aconchego

Que agora
me deu saudade
de ter
o que a gente
tem.
Vem para
o lado meu,
amor.
Ou, se
me chamares,
eu vou.

domingo, 20 de maio de 2012

Viço

Eu poderia escrever um poema hoje, passar o dia a cantar e a tamborilar com os dedos. Eu poderia correr sob a luz do sol, com os cabelos soltos, e mergulhar no mar gelado. Eu poderia deitar numa rede entre as palmeiras frescas, sorrir ininterruptamente e sozinha por hora a fio. Poderia andarilhar entre as crianças serelepes e conversar sobre tudo quanto elas comandassem, porque conversar com crianças é tão bom. Poderia dar um banho no meu cachorro e depois ficarmos os dois encharcados, e corrermos ao vento até nos secar. Eu poderia fazer pedidos promissores e intangíveis, e crê-los mais do que seria permitido. E tirar fotografias de sorrisos que desconheço ou não, só para sentir a alegria deles, com eles e tê-la congelada do tempo. Poderia tomar um, dois, três picolés seguidos e beber água. Depois andar, andar, andar, e morrer de rir.

sábado, 5 de maio de 2012

Expectativa

Eu? Não guardo muito, quase nada ou nada. Mas tu, que riqueza! Eu não, não sou tanto mais ou menos do que vês. Mas tu, ah, quanta riqueza. Guardas um mundo inteiro no peito, e outro na alma. Tens olhos de sereno e tufão. Quanto aos meus, ficam a espreitar-te, mansos, modestos, embevecidos.
Ah, quanta riqueza, meu Deus. Gostas de flores e livros, bichos e música, e tens um belo sorriso. Um riso dourado e cheio. Tu, quando sorris, resplandeces. Meus olhos embevecidos saúdam-te a uma distância sôfrega, e marejam a contragosto.
Mistura-te à noite, deixa que ela te envolva com sua pele de fria luz, sente o arrepio: o nome disso é esperança e saudade, só agora vim saber.