quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Breve, leve

Andei pensando somente em ti, andei pensando sobretudo em ti, andei pensando tanto em ti,  andei pensando em ti. Andei pensando, em ti já não penso como antes.

As vezes a ausência é tanta, a distância é tanta, que mal a saudade consegue me alcançar, que já a saudade não consegue me alcançar.

Passou-se o tempo. Só hoje relembrei de como é pensar no jeito que tens, bonito, de esperar; no teu bonito jeito de assistir o vento vir; no teu jeito bonito de ver o tempo. De repente sorri.

A saudade soprou, leve, em meus ouvidos. A saudade soprou, breve, em meus ouvidos.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ontem

Se me vê assim, disposta na poltrona com as pernas soltas, com as costas baixas, com o queixo relaxado, dizendo tudo, é que eu estou cansada. Hoje, por acaso, calhei de estar cansada. Eu toda sendo um grande e aliviante suspiro que quer dizer e falar, a regra natural sendo: pergunta, respondo. Cansei de fazer as dissimulações parecerem naturais, ao menos por hoje. Estou cansada, e toda vez que digo isso, ou penso, sai junto um suspiro, e meus ombros soltam-se mais. E eu tenho vontade de responder tudo, ou de falar o que eu quiser, sem censura, sem delongas, sem deixar subentender. É por isso que vê esse meio riso fixo na minha boca, é porque estou cansada, e já estou esperando tudo, e já não tenho medo de nada, porque estou cansada. Porque a minha economia me esgotou, e o uso é o que quero fazer de mim.

domingo, 2 de setembro de 2012

Ela, primavera

Para onde foste
Com teu ar de flores
Teu perfume de flores
Teu andar de jardins
Teu sorriso de alvorada?
Para onde levaste
a tua alma gentil?
Para longe –
isso eu sinto e vejo.
Mas por que tanto,
da demora?
E cadê aquela tua cor?