domingo, 28 de junho de 2009

Colo

Ao abrir os olhos de manha, não quis que esse fosse mais um dia triste. Acarinhei meu cachorro quando ele veio a mim e depois orei. Pedi dias melhores a Deus. Parece que ele me ouviu. Levantei e fui logo tomar banho, orei novamente embaixo da água. Demorei um pouco a sair do chuveiro, parecia que aquilo me daria energia.
Como tinha uma prova, me vesti e almocei. Não estava afim de encontrar ninguém lá, ontem não encontrei e hoje não queria encontrar. Tenho andado irritada e sem vontade de conversar, não queria ter que forçar sorriso nem procurar assunto para falar. Subindo as escadas para o local da prova, ouço me chamarem e viro-me logo para olhar, era o Lucas que vinha me alcançar e me dar um abraço. Ele me puxou para a sala onde ele, Zé e Camila estavam, tentei ir para a minha, mas acabei ficando na deles mesmo. Não sentei perto de ninguém para não precisar conversar. Lucas me pediu para esperá-los, caso eu terminasse primeiro, fiz que sim com a cabeça apesar de ter em mente ir embora o mais rápido possível. Quando terminei a prova, ele já estava esperando lá embaixo e Camila saiu logo atrás de mim me chamando. Tive que esperar. Deixei os dois conversando e fui ao banheiro.
Ficamos conversando, eu falava pouco, estava deslocada, na verdade eu não estava por completo ali. Por hora ouvia algo que me irritava, e ia levando, não estava tão ruim quanto eu achava que fosse ser. A companhia do Lucas me agradou.
Mas na verdade, me agradaria mais se não precisássemos falar nada. Se eu pudesse pedir colo e cafuné e apenas ficar ali, sentindo o conforto e o calor daquela situação. Só falando de coisas bobas cotidianas, de nossas manias e trejeitos, de nossas semelhanças e gostos, fazendo pequenas confissões. Sem precisar rir quando não achássemos graça, sem fugir do silencio quando faltasse assunto. Precisava (preciso), de um colo amigo. Apenas amigo. Qualquer amigo a quem eu tenha carinho, apreço.
Fui embora, meu pai e minha irmã foram me buscar. Cheguei em casa, depois saí. Fui encontrar minha mãe na pracinha. Comi algumas coisas e voltei para casa. Agora estou aqui, na frente do computador, digitando alguma coisa e resumindo para quem quiser ler meu dia. Alias, amanha é segunda feira, tenho que ir dormir logo, vou acordar cedo para não chegar atrasada de novo na aula de inglês, senão Maria Luiza me mata. Haha, beijos.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Procura

Impressionante como o tempo tem a enorme capacidade de fazer com que as coisas se transformem com o seu passar. Ela tinha o céu em seus olhos e tudo ao seu redor era cheio de luz, ela olhava em volta e as cores vibravam. Sentia que o mundo era bom, que a vida era boa, que tudo valia a pena. Ela sentia medo, mas este era tão distante que não a incomodava. Não tinha questionamentos tão profundos sobre a razão de sua existência. Ela apenas amava existir. Com o tempo, coisas foram sendo perdidas pelo caminho, partes dela ficaram para trás. Ela já não percebe com tanta facilidade o brilho das coisas. Procura nos sinais, nas palavras das outras pessoas, nos filmes que assite, nos livros que lê, respostas para seus questionamentos mais profundos. Disseca cada palavra que possa lhe servir de consolo. Precisa preencher uma lacuna, mas não sabe ao certo como. Ela tenta se convencer de que a vida é agora! Que não adianta ficar apenas pensando, adiando, remoendo. Ela precisa agir, e quer agir. Procura coragem.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Consentimento

As vezes preferimos nos reservar. Não expor nossa opinião, nosso sentimento, nossa crítica, pela simples razão de não estarmos preparados, nem dispostos, a julgamentos. Tentamos, pela nossa omissão, nos fazer invisíveis. Conseguimos até ser indiferentes ao outro, mas não a nós mesmos. A indiferença não é louvável, então, mesmo quando conseguimos, logo percebemos que não é indiferença o que realmente desejávamos. Era consentimento. Porque se quem cala consente, nós preferiríamos um silêncio acolhedor a um bombardeamento de perguntas e expressões de reprovação. Não é necessário que concordem, que tenham a mesma opinião. Apenas que respeitem, que consintam.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ainda sente

Ela percebe que está se curando daquilo, digo daquilo, pois ela nem ao menos consegue definir o que sentia (ou sente). Já não pensa tanto, nem tenta imaginar o que a outra pessoa está fazendo, tampouco com quem está saindo. Ela não se importa mais com isso. Ela até queria sentir aquilo de novo, mas sentiria sozinha, não sabe o que se passa no outro. E se sentiria sozinha. Ela não mais super valoriza, não mais idealiza. Ao mesmo tempo em que sente alívio, sente saudade. Alívio por não ter pensamentos aprisionados e saudade da intensidade daquele sentimento, do que havia há um tempo atrás e que foi se enfraquecendo até chegar ao ponto em que está hoje. Ela sente saudade.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A verdadeira essência

Existem horas que parece que a insanidade irá te consumir. Horas em que você olha as coisas ao redor e elas parecem perder o sentido e o brilho. Você quer e precisa sair dali e estar em outro lugar, mas é tão difícil. Com o olhar vago e perdido você anda entre as outras pessoas, na verdade nem percebe o que faz e o lugar para onde está indo. Está indo. Ao contrário do que possa parecer, sua cabeça está transbordando pensamentos e, mesmo que você tente manter a calma, sua angústia só aumenta e aumenta. Há uma confusão, um choque de valores, uma vontade de largar tudo e viver uma vida tranqüila em um lugar distante e cheio de verde em volta. Estaria longe dos problemas, sem me preocupar com o que vestir, sem olhar vitrines e comer em fast-foods. Sem pensar na imagem que passo aos outros. Sem precisar fazer sempre o que esperam que eu faça. Sem me preocupar com nada, sem precisar domar meus cabelos (haha). Não ouvir nem falar de coisas artificiais. Não enfrentar as repetições de todos os dias, de todas as pessoas, de todos os assuntos. Me vestiria simplesmente, largadamente, surradamente. Comeria o que plantaria. Andaria livre sem preocupações com a violência. Contemplaria diariamente o belo, o natural, o simples, a vida. Não teria pressa. Tomaria banho na mais natural das águas, beberia na mais natural das fontes. Descobriria do que realmente precisamos, por o que realmente vivemos e do que nossa alma necessita. A verdadeira essência.

sábado, 6 de junho de 2009

Dentro da normalidade

Uma daquelas histórias que eu mandava por email. Inspirada na Jamille, pra quem conhece.

Era uma vez uma pessoa. Do sexo feminino. Ela gostava de andar na rua para poder abraçar pessoas desconhecidas e subir em árvores. Certo dia subiu em um galho tão fino que ele quebrou. Aí ela passou a só ter amigos macacos no chão, mas continuou com sua estranha mania de abraçar estranhos. Um belo dia, em sua habitual rotina enquanto abraçava um estranho, pensou: ''Ah, nem conheço essa pessoa''. Então falou: ''Sai daqui!'' e foi pro bar. No bar ela decidiu beber coca-cola. Mentira. Cerveja. Mentira. Vodka. Mentira. Água. Mentira. Suco de melancia. Vendo que tinha um caroço no suco, começo a gritar, jogou o suco no chão, derrubou a mesa e brigou com o garçom. Foi para praia correr na areia. Enquanto corria pisou em um palito de churrasco e começou a gritar, gritou tanto que a levaram para o hospital. Chegando lá disse que não era nada e que não precisava de ajuda. Foi embora, não para casa, mas para a rua. Viu um mendigo e deitou do lado dele. Ele disse: ''Sai daqui!'' E ela foi para o shopping. Se perdeu no caminho, quase foi assaltada, quase levaram suas havaianas novas. Então decidiu ir para casa. Chegando em casa desviou o caminho: em vez de ir para o seu apartamento, foi para a garagem. Algo a atraiu para lá, chegando lá deu de cara com seu porteiro que, acostumado com seu hábito de abraçar, foi ao seu encontro de braços abertos. Nesse momento tudo parou, as coisas ficaram em câmera lenta, ela ouviu sininhos tocando. Nunca seu porteiro esteve tão bonito. Ela se deixou abraçar por ele embriagada de emoção. Depois de alguns instantes sacudiu a cabeça, chegou à conclusão de que deveria parar de se drogar por um tempo. Empurrou o porteiro e mandou ele parar de se aproveitar dela. Percebeu que seu dia tinha sido muito cansativo e que era melhor não sair de casa na TPM. Um mês depois, quando finalmente pode sair de casa, abraçou seu porteiro, depois o jornaleiro, depois subiu numa árvore... Sua vida era tão normal agora!

Baseada em fatos reais.