domingo, 24 de novembro de 2013
Três pontinhos
Têm coisas, Amor, essas que flutuam mas continuam sendo as
mesmas, essas coisas que nos fazem admirar, que nos fazem silenciar, pausar,
abstrair o entorno. Têm coisas, Amor, essas que são ausência, essas para as
quais palavras ainda não foram inventadas, e só há um impulso, um reflexo, uma
gravitação, uma vontade de aderir, de colar, de suprimir, de puxar, de vácuo,
de puft – e todas essas coisas
ainda não são o nome da coisa de que falo. Têm coisas, Amor, que continuam e
que mudam sendo as mesmas. Essas coisas, tão impossíveis quanto realizáveis,
mas ainda assim sem nome, não são do que quero te dizer. Digo, são, mas não
são. Porque eu quero te dizer, mas não vou.
sábado, 9 de novembro de 2013
Eis como me sinto
Estou sem saber-te. O som do riso, o som da boca, o cheiro da
pele, o toque dos dedos, a luz dos olhos vagos e negros, os cabelos negros.
Estou sem saber-te e já perdi as contas de contar-te dos dias todos que tivemos
e cessaram por um tanto de tempo que não sei mais deduzir. Pois é como me
sinto. Sem ti. Estou sem ti há tempos, estou sem ti faz dias. Tomaste
tua condução ontem (ou anteontem?), e disseste: até quarta. Desde lá, não nos
falamos porque decretaste o nosso silêncio. Então é só como me sinto, em
silêncio com o teu.
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