quarta-feira, 9 de setembro de 2015

ai, uma saudade

As saudades que sinto de ti 
não doem como antes,
serenaram.
Chegam invisíveis,
circulam, instalam-se em meu corpo.
Alojam-se em alguma
parte de meu coração,
migram ao meu cérebro-pensamento
(quando aqui, do dormente coração já transbordaram).
De início ela, 
a saudade,
é espanada e o pensamento
se distrai por não crê-la.
Esta, resignada e sem escolhas,
insiste, apenas  –
seu caráter não permite que se vá
sem persistências.
Põe-se de novo em correnteza e volve ao coração,
Que de sístole a devolve ao topo do corpo.
Os olhos então atinam em piscadelas,
como constrangidos pela sensação de serem
observados.
O pensamento espreita
imagem do ser amado
E suspira discreto
“ai, é uma saudade”.