sábado, 5 de maio de 2012

Expectativa

Eu? Não guardo muito, quase nada ou nada. Mas tu, que riqueza! Eu não, não sou tanto mais ou menos do que vês. Mas tu, ah, quanta riqueza. Guardas um mundo inteiro no peito, e outro na alma. Tens olhos de sereno e tufão. Quanto aos meus, ficam a espreitar-te, mansos, modestos, embevecidos.
Ah, quanta riqueza, meu Deus. Gostas de flores e livros, bichos e música, e tens um belo sorriso. Um riso dourado e cheio. Tu, quando sorris, resplandeces. Meus olhos embevecidos saúdam-te a uma distância sôfrega, e marejam a contragosto.
Mistura-te à noite, deixa que ela te envolva com sua pele de fria luz, sente o arrepio: o nome disso é esperança e saudade, só agora vim saber.

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