quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Branco


A dor cobriu meu peito
mais que tudo,
em meu peito mudo,
dorme, trêmulo,
um coração.

Insígnias de manhãs dobram
no peitoril da janela.
Numa outra, branca franela
golpeia o rosto sorridente duma criança.
A lutar, a ter esperança,
caminhamos ao lado dele.

Hoje acordei mais cedo.
Ontem, pela madrugada,
eu dormia quando despertei
distraída
me arregalei
olhos em pesadelo.

Agora ele dorme, branco.
Respira trêmulo, brando.
Os outros ressonam.
Eu, nada. Nem ninguém.
Pela janela esperançosa, o vento.
Pela reza, que quer crer e não sabe como,
a voz da solitária prece esbarra nas tantas outras que não,
que nunca se anunciam.
Ele espera por ela desde que nasceu, também nós e tudo que tem vida.
Mas ninguém se acostuma.

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